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O que seriam Tarifas Progressistas de Verdade?

Durante décadas, a ideia de utilizar tarifas como ferramenta de fortalecimento da indústria nacional foi ridicularizada nos círculos políticos dos Estados Unidos. No entanto, essa visão começou a ganhar força, especialmente entre progressistas que passaram a enxergar as tarifas não como barreiras, mas como instrumentos de soberania econômica, proteção ambiental e valorização da mão de obra americana.

Como a esquerda americana começou a mudar sua visão sobre tarifas

Historicamente, o Partido Democrata e setores progressistas resistiram à ideia de tarifas por associarem a prática a protecionismo exacerbado e crises econômicas, como a Grande Depressão. A famosa Tarifa Smoot-Hawley, de 1929, é frequentemente citada como um dos elementos que agravaram a crise, mesmo não sendo sua causa direta.

Contudo, a partir dos anos 2000, com o impacto da globalização e a chamada “China shock”, tornou-se evidente que o modelo neoliberal de comércio internacional beneficiava grandes corporações em detrimento das comunidades industriais americanas.

A promessa não cumprida de Obama

Barack Obama foi eleito com a promessa de renegociar acordos como o NAFTA e implantar uma política comercial mais justa. Mas ao chegar ao poder, manteve os acordos corporativos defendidos por George W. Bush. Isso abriu uma brecha política explorada por Donald Trump, que passou a atacar os democratas por sua desconexão com os trabalhadores.

O uso estratégico de tarifas sob Biden

Durante o governo Joe Biden, houve uma tentativa de adotar tarifas de maneira mais inteligente. Em vez de aplicá-las indiscriminadamente, sua gestão buscou usá-las como complemento a uma política industrial robusta, voltada à revitalização de setores estratégicos como energia limpa e semicondutores.

Leis como a Inflation Reduction Act e a CHIPS and Science Act representaram essa abordagem, integrando tarifas com subsídios, infraestrutura e apoio à inovação nacional.

Tarifas como parte de um ecossistema industrial

  • Tarifas não criam fábricas sozinhas.
  • Elas funcionam quando o governo investe em infraestrutura, pesquisa e incentivos.
  • Oferecem proteção contra importações predatórias, como as da China.
  • Devem ser aplicadas de forma seletiva, com objetivos claros.

A volta do caos tarifário com Trump

O ex-presidente Donald Trump propõe uma guinada radical ao aumentar tarifas de forma generalizada, desmontando as políticas industriais construídas com esforço. Ele quer eliminar os subsídios da Inflation Reduction Act e desmantelar o CHIPS Act, apostando que preços mais altos, por si só, atrairão investimentos produtivos — o que muitos economistas classificam como fantasia econômica.

Declínio da política industrial americana?

Para Todd Tucker, diretor do programa de política industrial do Roosevelt Institute, a abordagem de Trump pode atrasar em décadas a implantação de uma política comercial progressista. Ele defende que tarifas só funcionam se forem parte de uma estratégia ampla que beneficie trabalhadores e promova sustentabilidade.

O que seriam, afinal, tarifas progressistas?

  • Foco em setores estratégicos como tecnologia e energia limpa.
  • Proteção a indústrias nacionais ameaçadas por dumping estrangeiro.
  • Incentivo à criação de empregos qualificados nos EUA.
  • Combate à exploração ambiental e trabalhista em países exportadores.

Ou seja, tarifas progressistas não são muros protecionistas, mas ferramentas cirúrgicas que, combinadas com investimentos públicos e regras claras, podem reconstruir a base produtiva americana.

Enquanto o populismo tarifário tenta vender soluções fáceis e imediatas, a verdadeira saída está no planejamento estratégico, na defesa da soberania e na valorização do trabalhador americano.

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