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UE busca autossuficiência militar com plano de 800 bilhões de euros: “Este é o momento da Europa”

Em um momento crítico para a segurança europeia, líderes da União Europeia (UE) se reuniram em Bruxelas nesta quinta-feira (05/03) para discutir um ambicioso plano de 800 bilhões de euros destinado a fortalecer a defesa do continente. A proposta, batizada de “ReArm Europe” (Rearmar a Europa), foi apresentada pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que destacou a urgência de agir diante de um cenário geopolítico cada vez mais instável.

O contexto: uma Europa sob pressão

A decisão de aumentar os investimentos militares surge em um momento em que o apoio dos Estados Unidos à Ucrânia está suspenso, e o compromisso americano com a segurança europeia é questionado. A UE se vê obrigada a buscar maior autossuficiência em defesa, especialmente após a deterioração das relações entre os presidentes Donald Trump e Volodimir Zelenski, que resultou no corte da ajuda militar americana à Ucrânia.

Em uma carta aos líderes da UE, Von der Leyen alertou: “O continente enfrenta um perigo claro e presente em uma escala que nenhum de nós viu em nossa vida adulta. O futuro de uma Ucrânia livre e soberana – de uma Europa segura e próspera – está em jogo.”

O plano ReArm Europe: o que propõe?

O plano ReArm Europe tem como objetivo eliminar as barreiras econômicas que limitam os gastos com defesa nos países membros. Entre as principais medidas estão:

  • Flexibilização das regras de dívida: Os governos poderão infringir as regras que limitam a relação entre dívida e PIB quando se tratar de gastos com defesa.
  • Investimento adicional de 1,5% do PIB: Se cada país membro aumentar seus gastos em 1,5%, isso geraria cerca de 650 bilhões de euros em investimentos militares nos próximos quatro anos.
  • Mecanismo de empréstimos garantidos: Um fundo de 150 bilhões de euros será disponibilizado para empréstimos garantidos pelo orçamento comum da UE, destinado a compras conjuntas de equipamentos como defesa aérea, drones e preparação cibernética.

Hungria e Eslováquia: obstáculos ao plano?

Apesar do otimismo em torno do plano, países como Hungria e Eslováquia sinalizaram resistência. O primeiro-ministro eslovaco, Robert Fico, divulgou uma carta expressando preocupações, mas analistas acreditam que ele não bloqueará totalmente as ações da UE, desde que a Eslováquia não seja obrigada a contribuir diretamente.

Mudanças de posição: Suécia e Alemanha

A Suécia, tradicionalmente relutante em aceitar um papel maior da UE na defesa, mudou sua postura após o corte da ajuda americana à Ucrânia. O primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, declarou apoio ao plano ReArm Europe, seguindo o exemplo de países como Finlândia, Dinamarca e Alemanha.

Na Alemanha, o provável próximo chanceler, Friedrich Merz, anunciou planos para afrouxar as regras de dívida do país, permitindo gastos adicionais de 500 bilhões de euros em defesa e outros 500 bilhões em infraestrutura. Jeremy Cliffe, do Conselho Europeu de Relações Exteriores, descreveu a mudança como “alucinante” e destacou o “enorme poder de fogo fiscal” que ela trará.

Um novo capítulo para a Europa?

O plano ReArm Europe marca uma virada histórica para a UE. Um diplomata anônimo descreveu a iniciativa como “o início de um novo livro, que se chama ‘Europa da defesa'”. Embora reconheça que o plano pode não ser suficiente para garantir a segurança futura do continente, ele destacou a importância do primeiro passo: “Como um início, acho que é realmente impressionante.”

Von der Leyen, ao sair de uma reunião em Londres no domingo, afirmou que o objetivo é transformar a Ucrânia em um “porco-espinho de aço”, capaz de resistir a ataques externos. Se os países da UE maximizarem as novas ferramentas oferecidas, o bloco poderá construir uma camada adicional de autodefesa, fortalecendo sua posição no cenário global.

Fontes

Em um momento histórico, o presidente dos EUA, Donald Trump, toma o palco no Capitólio para seu primeiro discurso do segundo mandato, diante de uma sessão conjunta do Congresso. Expectativa, tensão e promessas de um novo capítulo na política americana marcam o evento.

Imagem: Evelyn Hockstein – 4.mar.25/REUTERS

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